Como tinha dado a conhecer em posts anteriores, assim que surgiu a ideia de tirar a carta e adquirir uma moto, outra veio logo atrás. Ir aos Picos da Europa, naquela que seria a minha primeira grande viagem em duas rodas.
Sendo eu um Maçarico, este objectivo requereria boa preparação. Vou partilhar convosco os vários aspectos dessa tarefa.
Ganhar endurance
Fazer cerca de 2000 kms em 5 dias, sendo que um desses será uma caminhada na Ruta del Cares, requer preparação física.
Não temos de ser nenhuns atletas, mas fazer algumas centenas de quilómetros primeiro com o intuito de conhecer bem a moto e preparar o nosso corpinho para aguentar horas de condução na mesma posição é essencial. Essas voltas irão ajudar-nos a perceber se precisamos de fazer alguma alteração na nossa montada se queremos tornar a viagem mais confortável.
Além disso, podemos aproveitar esses passeios para testar o condicionamento da bagagem afim de nos habituarmos à condução com a moto carregada. Pode parecer que estou a exagerar nos cuidados, mas lembrem-se que estou a falar no ponto de vista d’um Maçarico.
A mota
Esta exige uma atenção especial para não termos surpresas desagradáveis durante a viagem. A primeira coisa a levar em linha de conta é a necessidade de manutenção mais próxima. Se faltam poucos quilómetros para a próxima revisão ou se os pneus ou as pastilhas estão numa fase final de vida, mais vale não correr riscos e substituir antes de partir. Permite uma viagem mais tranquila, sem manutenções pelo meio. Isso não evita de todo contratempos sobre os quais não temos controlo.
O percurso
Muito pode ser dito sobre isto. Existem viajantes que não sentem a necessidade de preparar todo o percurso. Por exemplo, selecionam de uma forma mais abrangente por onde vão andar e partem à descoberta, sem saber ao certo onde vão dormir.
Eu gosto de ir à aventura, mas prefiro ter os locais de pernoita delineados. Desta vez vou ser mais afoito e só levo uma noite marcada embora com as outras pré-definidas. Esta foi uma alteração de última hora, tendo em vista uma outra aventura que estamos a preparar. Por isso queremos testar algumas dormidas em parques de campismo.
Quanto ao percurso de ida e volta decidimos fazê-lo seguido. Cerca de 800 kms para cada lado, sem dormidas pelo meio. Neste aspecto vemos um pouco de tudo, pessoas que fazem do percurso de ida e volta uma road trip dentro da road trip e pessoas que fazem como nós queremos fazer.
Aqui surge outra questão, auto-estradas ou estradas nacionais? Estamos a pensar num percurso misto, com a consciência de que as auto-estradas são mais rápidas e as nacionais mais divertidas. Certo é que queremos ir e vir por caminhos diferentes. Depois iremos partilhar convosco qual o percurso que fizemos.
A bagagem
Este é outro aspecto muito importante numa viagem de mota. O que levar, qual o volume disponível e mais importante ainda, qual o peso máximo permitido pelo fabricante. São tudo fatores a ter em conta.
Por vezes vemos motociclistas solitários, carregados até não caber nem mais uma agulha, sendo que noutras ocasiões vemos uma montada com dois passageiros e bagagem muito reduzida. A razão é muito simples. Quando viajamos sozinhos temos mais disponibilidade de carga, pois são menos os 60,70 ou 80 quilos do pendura.
No meu caso, em que levo a pendura comigo, reduzimos a bagagem ao essencial.
Tendo em conta que nesta viagem vou fazer campismo, tenho de incluir na bagagem a tenda, os sacos-cama e os colchões. Tirando a tenda, que tive de comprar, tudo o resto vou usar o que já tenho, mesmo não sendo nem os colchões, nem os sacos-cama de tamanho reduzido para facilitar o transporte. Essa aquisição ficará para mais tarde, após a experiência campista.
Por esta razão vou ter de superar o volume das malas e condicionar o material do campismo em cima da top case.
Ando numa fase experimental mas já testei o material numa voltinha perto de casa onde levei a Stromina a alguns extremos. Acelerações bruscas, travagens a condizer, passar em pisos degradados e a bagagem nem mexeu. Mesmo assim vou tentar colocar os sacos-cama dentro das malas laterais para reduzir o volume extra. Para isso tenho de ter uma atenção especial ao que levar.
Temos de nos lembrar que estamos numa viagem de mota e não numa passagem de modelos. Sendo assim, opto por levar apenas um calçado extra para cada um, este servirá para os passeios a pé. A roupa depende muito da época do ano e do local a visitar. Nos picos da Europa o tempo é sempre imprevisível. Portanto, além das básicas para vestir debaixo do casaco de proteção, ainda levamos um casaco ligeiro, 1 par de calças, roupa interior, 1 pijama, chinelos e toalha para o banho nos balneários e o fato de chuva, isto tudo a duplicar visto que somos dois.
Além disto vai uma mochila, que por opção é térmica, para levar nos passeios e que permita guardar alimentos e bebidas frescas.
Para o transporte de objectos pessoais (carregadores, mapas, carteiras, etc) optei por uma mala de depósito da Givi com sistema Tank Lock. A vantagem destas malas é tirá-la facilmente da mota e levá-la connosco com uma cinta tira colo quando paramos em qualquer lado.
Conclusão
A preparação da viagem depende da experiência e do tipo de viagem que cada um tem em mente. Mas quer seja com a moto, com o percurso ou com a bagagem, convém haver boa preparação para reduzir a probabilidade de surpresas desagradáveis.
Espero que este artigo d’um Maçarico vos ajude no vosso planeamento. Boa viagem