Fazer uma viagem dá sempre direito a uma página especial no livro das nossas vidas. Fazer uma viagem de mota dá direito a um capítulo inteiro.
É isto que sinto depois de ter feito a minha primeira grande viagem de mota.
Regressado que estou e com mais um risco na minha Bucket list, parece que já conduzo motas há anos, mas só comecei há 4 meses.
Ainda nem tinha tirado a carta e já o bicho crescia a olhos vistos e não demorou muito até dar início à minha primeira aventura em duas rodas. Mas por onde começar?
Pensei em fazer a N2. Seria um bom começo, não fosse eu ter feito esse trajeto em bicicleta ainda nem há um ano. Sendo assim, queria um destino em que pudesse testar a minha resistência e acima de tudo a resistência da pendura. Facilmente chegámos a um consenso, Picos da Europa.
Depois de estudar bem as alternativas de percurso até Riaño, depois de estudar bem o tipo de dormida e onde dormir, depois de tudo marcado, eis que decidimos baralhar ainda mais as coisas e viajar sem reservas, com uma tenda às costas.
Sobre acampar nos Picos podem ver mais detalhes aqui.
Saímos de Lisboa às 6:30 da manhã, pela A1 até Coimbra, cidade escolhida para a primeira paragem e para um cafezinho reconfortante, é que estava um frio de rachar e nós só com o impermeável nos casacos, a camada térmica ia nas malas e faltou a vontade de acoplar a mesma. É porque não estava assim tanto frio, dirão vocês e com razão. Uma hora depois já a temperatura estava em valores bem confortáveis.
Depois de uma visita ao café Estação Doce, seguimos em direcção a Celorico da Beira, deixando o autoestrada para trás. Ali iríamos convergir para Bragança, local escolhido para a passagem transfronteiriça.
Mal saímos de Coimbra, apanhámos o primeiro e único grande susto da viagem. Ainda no IC2, quando iam todos a uma velocidade a rondar os 100 kms/h, assistimos a um acidente mesmo à nossa frente. Uma carrinha de caixa fechada e um ligeiro, embrulharam-se um no outro, cortando totalmente a estrada. A travagem foi de emergência, não ganhamos para o susto. Após breves minutos, lá conseguimos seguir viagem, depois de constatar que estavam todos bem. Conseguimos passar porque estávamos em duas rodas. Os automobilistas ficaram lá parados com a IC completamente cortada.
De volta à estrada seguimos pelo IP3, até à saída para o IC6, estrada em que circulámos até o fim, em direcção a Seia.
Já na N17, passámos por Oliveira do Hospital, Seia, Gouveia e finalmente Celorico da Beira.
Aqui, entramos na A25 até à saída para o IP2 em direcção a Bragança. Foi o ponto alto do dia. O IP2 mostra ser um autêntico parque de diversões motociclista, com diversos carrosséis a começar a partir dali. Ali começa, acaba, ou passa a muito divertida N102, a N222, a N226, a N220 e por sua vez a N221 e a espetacular M611 no conselho de Torre de Moncorvo. É uma autêntica Disneylândia em duas rodas. Só neste troço entre Celorico da Beira e Torre de Moncorvo, há muito para fazer e muito pneu para gastar.
Em Vila Nova de Foz Côa
A descer a N102 de Foz Côa para o IP2
Pela M611 em Estevais
Com tanta diversão e vistas fantásticas, nem demos pelo tempo passar até Bragança. Chegámos com o estômago a avisar que o relógio não pára e a hora já ia adiantada. Ainda conseguimos parar no restaurante O Abel, em Gimonde para comer a famosa Posta, que tão bem nos soube. Não havia tempo a perder mas há coisas pelas quais vale a pena perder tempo. Assim, esquecemos por momentos o relógio e lá desfrutámos daquele naco de carne.
Seguimos depois pelo Parque Natural de Montesinho, até Rio de Onor, uma lindíssima aldeia transmontana que faz fronteira com Espanha. É difícil descrever a beleza em estado bruto daquele parque natural. O Montesinho é um local espetacular, que não tivemos tempo de vasculhar da forma que merece. Ficará para outra vez. Chegámos a Puebla de Sanabria, em Espanha, já passava das 17 horas.
Pelo PN de Montesinho em direcção a Espanha.
Paragem para a foto em Puebla de Sanabria
Ali fizemos uma breve paragem para a fotografia e depois foi sempre a andar por autoestradas gratuitos, em Espanha são poucos os que são pagos, até Mansilla de Las Mulas, de onde seguimos para Riaño pela espetacular N-625. Atenção à passagem dentro das localidades, onde a Guarda Civil se esconde estratégicamente a controlar a velocidade.
A fenomenal N-625 até Riaño
Quase em Riaño
Foto da praxe - Riaño
Chegámos a Riaño já passava das 20 horas, esquecemo-nos que ali é mais uma hora, mesmo assim ainda paramos para desfrutar da chegada e das fotos da Praxe. Entramos no parque às 20:30 mas não tivemos qualquer problema em fazer o check-in. O responsável do foi muito prestável. Montamos a tenda tendo em conta a vista espetacular de que podíamos desfrutar mas também o vento que soprava. Tudo tratado, foi hora de jantar no restaurante do parque, tomar um banho a seguir (eu sei, a ordem não foi a mais lógica, mas o cansaço já não dava para mais, coisas de Maçarico) e dormir num lugar paradisíaco. Agora imaginem como foi acordar de manhã, abrir a tenda e ver aquele cenário. Fantástico!
Vista nocturna a partir do Camping
Acordar assim...
Foi o nosso primeiro dia, muita aventura e tanto ainda para explorar.
Venham daí até Riaño, em duas ou em quatro rodas, é um saltinho. Boa viagem!
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