segunda-feira, 6 de maio de 2019

Por terras do Sado e do Mira em duas rodas



Pois é, decidi dar asas a um sonho antigo e, se me permitem a expressão, voar pela estrada fora. Adquiri a minha primeira mota e fiz tudo aquilo que não se deve fazer quando pensamos em aventurar-nos no mundo das duas rodas. 
 Nunca tinha andado de mota na minha vida, não contando com a acelera que um amigo me tinha emprestado durante a adolescência. E eis que mais de 20 anos depois, o bichinho volta a acordar e com outra maturidade e certeza daquilo que se quer.
 Foi assim que decido tirar a carta e comprar a moto que me levará numa viagem pelos picos da Europa. 
 Até aqui tudo bem, não fosse a ordem cronológica destes acontecimentos estar completamente trocada. 
 Comprei a moto enquanto ainda estava a tirar a carta. Ficou adormecida até ter ordem para voltar ao activo. Estudei a viagem e reservei as noites nos Picos mesmo sem ter licença legal para conduzir, mesmo sem saber como iria ser a adaptação à condução em duas rodas, mas se aguentei uma semana de bicicleta, de norte a sul do país, de mota não deve ser pior, digo eu. 
 Ir à aventura é isso mesmo, um logo se vê.
 Entretanto, tenho feito alguns passeios superiores a uma centena de quilómetros afim de me adaptar à Vstrom com a minha pendura preferida, a Susana. Desta vez foram não uma, não duas, não três, mas mais de 5 centenas de quilómetros por terras do rio Sado e do rio Mira.
 Saímos de Lisboa com um vento descomunal pela Ponte Vasco da Gama em direção ao Montijo, seguindo depois por Pegões até Alcácer do Sal afim de tomarmos a N253 até à Comporta. Mas antes não podia deixar de matar uma curiosidade antiga que era conhecer o cais palafitico da Carrasqueira. Valeu a visita pela beleza natural do estuário do Sado, partilhado pelas artes de pesca da população local que faz do rio a sua vida.  Dali seguimos pela N261 até Melides, onde seguimos em direção a Vila Nova de Santo André para apanhar a novíssima A26 até Sines e divergir por São Torpes até Porto Covo por uma das mais belas estradas municipais do país. De mota, carro, bicicleta, burro ou a pé, vale muito a pena fazer aquele percurso que anda de mãos dadas com um bocadinho da costa portuguesa. 


A pendura no Cais Palafitico da Carrasqueira 


O Motard mancebo em Porto Covo

 Depois de umas fotos que ficam bem em qualquer álbum de viagens, seguimos com uma fome proporcional ao enchimento da alma até Vila Nova de Milfontes onde nos aconchegamos na gastronomia Alentejana que caracteriza a Tasca do Celso, um dos melhores restaurantes locais. Os seus petiscos e gastronomia local, conjugado com o saber receber, torna a passagem ali quase obrigatória num passeio pela costa alentejana. 


A Tasca do Celso

 Dali seguimos para terras mais interiores passando pelo Cercal até Alvalade do Sado pela N262, num dos parques de diversões motociclísticos do Alentejo. Andamos a ziguezaguear pelo sul do país entre Ferreira do Alentejo, Torrão, Alcacér e Montemor-o-Novo.
 Na retina e na alma ficou a N5 entre o Torrão e Alcácer e a N253 entre Alcacér e Montemor-o-Novo.
 Muitas curvas de uma beleza imensurável que tornam o passeio muito divertido e significativo. A passagem por Montemor-o-Novo fez-nos assinar uma nota de culpa por não ter visitado aquele castelo mais cedo. Soberba a vista lá de cima, ainda por cima com o sol a adormecer nas planícies vizinhas.


Árvores forradas a renda em Odivelas 


A pendura a ler frutas poéticas em Odivelas


Eu sempre disse que a pendura era uma.


Castelo de Montemor-o-Novo 


Pôr do sol a partir do Castelo de Montemor-o-Novo 

 Já de noite regressamos a casa, sempre em nacional, como tanto gostamos, mas com a ideia que o regresso teria sido mais tranquilo de auto estrada pois a noite trás outros perigos que as bermas escondem. Mesmo assim correu tudo bem. 
 Deu para perceber que o Alentejo é muito mais do que paisagens quentes e serenas e terras privadas de vida nas horas de maior calor. Há muito para explorar e para tornar mais ricas as nossas vivências. 
 

 

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